07 out Dia nacional de luta da pessoa com deficiência
Hoje, dia 21 de setembro, é lembrado como o dia nacional de luta da pessoa com deficiência.
Geralmente, estes dias são criados com o objetivo de conscientizar sobre a inclusão destas pessoas na sociedade. Em nossa sociedade que chamamos de “normal”, muitas vezes há muito preconceito e discriminação para tudo que é diferente, mas a primeira discussão é sobre o que de fato deve ser comemorado no dia de hoje?
A luta de pessoa com deficiência ou a DEFICIÊNCIA das pessoas que discriminam ou têm algum tipo de preconceito?
Vivemos em uma sociedade que guerreamos em busca da paz e gritamos implorando o silêncio. Muitas vezes tudo isso parece incoerente, mas é este cenário que chamamos de “normal”. Pregamos que o diferente deve ser aceito e incluído em nossa sociedade, mas quanto temos que mudar um pouco a nossa rotina ou mudar nossos costumes para que este diferente seja aceito, ou seja, quando algo nos afeta de alguma forma, já não aceitamos mais.
Quando alguém tem uma ideia ou argumentos diferentes dos nossos já é difícil aceitar, e isso pode ser visto facilmente nas discussões expostas nas redes sociais. Isto é, quando se encontra uma divergência de opiniões, imagina em nosso dia a dia, que muitas vezes são pesados de atividades e tarefas.
Toda mudança e evolução machuca e quando temos que mudar a nossa rotina para incluir ou aceitar o diferente criamos resistência e barreiras. Isso é inerente ao nosso instinto, mas será que somos normais agindo por instinto? Será que a normalidade não seria agir de forma a entender que tudo, absolutamente tudo é diferente, incluindo a gente mesmo. Aliás, neste exato minuto já devemos estar diferentes do minuto passado.
Nós somos todos diferentes
Nós também somos diferentes, ainda que possamos parecer iguais, mas todos nós temos a nossa própria razão de ser e isso nos faz diferentes. Todos temos diferenças e as diferenças físicas são as menos importantes. Se alguém tiver dúvida, pergunte a Stephen Hawking ou então pergunte ao paraense Alan Fonteles. Muito provavelmente nunca ouviu falar dele né?
Provavelmente já ouviu falar do Jamaicano Usain Bolt, que tem o recorde mundial dos 100m rasos com a marca de 9,58s, com duas pernas e corpo perfeito, mas não ouviu nada a respeito do Alan. Alan é um atleta paraolímpico brasileiro que corre com duas próteses, pois teve suas pernas amputadas e tem a marca de 10,57s, apenas 1 segundo a mais do que o recorde dos 100m rasos do Usain Bolt, mas um com o corpo perfeito e o outro com as duas pernas amputadas.
Alan não está contente em correr nas paraolimpíadas e como seu tempo é muito melhor que corredores das olimpíadas “normais”, ele quer passar a correr em campeonatos “normais”, pois seu tempo é superior a muitos atletas sem deficiência. O recorde dos 100m rasos é do Usain Bolt, mas se considerarmos o tempo médio desta prova por atletas que chamamos de “normais”, temos a marca de 10 segundos, ou seja, dentro da marca do Alan.
Os desafios que precisam enfrentar
Agora podemos falar de normalidade? Quem seria mais normal? Bem, vamos tentar avaliar os obstáculos físicos que Usain Bolt passou para correr os 9,58s e os obstáculos físicos e psicológicos que o Alan Fonteles passou para ter esta marca? Imagina quantidade de obstáculos que Alan teve que superar para conseguir este feito? Não é difícil imaginar que Alan teve que vencer muitos desafios adicionais para se chegar nesta marca, incluindo a questão psicológica. Ele deve ter um nível de resiliência altíssimo, uma determinação fora do normal, uma força de vontade acima da média, uma pro atividade que não se equipara com os “normais”. Ou seja, ele de fato tem uma deficiência, que faz dele muito melhor que a média.
A autenticidade e a deficiência de Alan faz dele muito melhor que a média das pessoas, pois garanto que você não corre os 100m rasos no tempo dele. Aliás, Alan não deve precisar ser conscientizado em aceitar os diferentes e tampouco em não discriminar o próximo. Ele deve ser normal.
As nossas deficiências não físicas
Neste momento deve estar se perguntando, mas eu não sou corredor de 100m rasos e tampouco treino para isso. É verdade. Mas quantas outras coisas você deixa de fazer pelas suas deficiências não físicas? Quantas coisas você procrastina no seu dia a dia? Quantos obstáculos irreais você cria? Será que você tem resiliência como a do Alan? Poderia ficar falando a tarde inteira sobre motivos que fazem você desistir e ainda achamos que somos normais?
Entendo também que tanto Usain quanto Alan treinaram para os 100m. Mas e o nosso físico Stephen Hawking que teve sua doença diagnosticada quando tinha apenas 21 anos e jamais desistiu?
São pessoas como eles, que são bem acima da média e que as vezes sofrem discriminação por terem suas limitações, em um mundo que chamamos de “normal”. Onde será que está a limitação? Em quem tem limitação física ou em quem tem limitação e precisa de um dia para se conscientizar da luta das pessoas com deficiências? Será que ao discriminarmos alguém somos normais?
Este mundo, muitas vezes, composto por pessoas fisicamente perfeitas que chamamos de “normal”, as que precisa de um dia de conscientização para se atentar a grave deficiência da discriminação ou do preconceito.
O racismo no mundo
Estamos no auge das discussões de racismo e vou aproveitar este momento para destacar também esta discriminação. Não deveríamos ter um dia de consciência negra, mas sim um dia da deficiência grave psicológica ou psicossocial daqueles que se consideram “brancos” e discriminam os negros. Ou até mesmo daqueles que se consideram normais e discriminam os que apresentam algum tipo de deficiência.
Quem realmente tem deficiência? Será que o mundo não está trocado?
Muitas vezes vimos muitos apelos para a diversidade dentro das empresas e que devemos valorizar este tema, mas será que, como líderes, aceitamos a diversidade em nosso dia a dia e valorizamos este tema como deveríamos?
Já que estamos no dia de conscientização