25 set O caminho do meio
“Se o seu sonho não te dá medo, ele não é grande o suficiente”. Autor desconhecido
Todos devem estar passando por um momento que de certa forma nos dá um certo medo. Estamos em meio a uma pandemia, sobrecarregados de informações de diversas fontes, muitas delas duvidosas, além disso, com uma certa ausência de esperança.
Neste momento, queria dividir um texto, parte integrante do meu livro, que fala sobre o medo. O medo pode ter uma conotação muito positiva, se usarmos ele como um caminho do meio. Um caminho do equilíbrio entre a prudência e a imprudência. Entre a covardia e a inconsequência. O objetivo é elevar a reflexão sobre este momento e como podemos enfrentar o medo.
Este trecho é parte integrante do livro “O caminhar da Liderança”, de minha autoria, que será lançado pela Labrador em um futuro recente.
Afinal, o que é o medo? Porque ter medo?
Medo é o sentimento cuja ausência é inconsequência, e sua abundância gera covardia. O contrário do medo é a coragem.
Desde os meus 10 anos, o caminho de Santiago de Compostela me persegue. Sonhei muitas vezes com esse trajeto. Além disso, li muito a respeito e sempre tive uma admiração pelas pessoas que percorreram essa caminhada. É um trajeto que trespassa majoritariamente a Espanha até o “fim da terra” — uma cidade chamada Finisterra ou Fisterre.
O caminho de Santiago Compostela
Em vários momentos da minha vida, pensei em fazer esse caminho, mas diversos medos me impediam. Acho que o principal era me deparar comigo mesmo. Dentro de nós, temos deuses, demônios, crenças, culturas, admirações, frustrações, pensamentos, amigos e nosso pior inimigo: nós mesmos. Temos muitos pensamentos que são contra nossas intuições e, quando tentamos racionalizar as intuições, caímos em muitas armadilhas.
Depois de muitas reflexões e com a imensa ajuda do que chamamos de destino, que nada mais é do que nossas próprias vontades e escolhas, sem conflito, consegui tirar um tempo da minha vida, e da vida de todos que estão ao meu redor, para que eu pudesse realizar esse sonho. Queria me encontrar comigo mesmo. Pensar em quem sou, o que sou, como vivi até este momento, o que devo pensar a meu respeito, como devo evoluir e, o principal, agradecer ao universo e a todas as forças que passaram pela minha vida. Todos temos problemas, mas, segundo a filosofia do budismo, o sofrimento é uma escolha. Inclusive, há pessoas que sofrem mais do que o necessário. Não enfrentei grandes problemas ao longo da vida, então tenho muito a agradecer.
O caminho de Santiago de Compostela, que pode ser visto como um período de longa meditação em movimento, nos leva a momentos de profunda introspecção e, principalmente, autodesenvolvimento. Sempre tive a meditação e a caminhada como formas de refletir sobre as experiências e a ampliação da consciência. Ao percorrer o caminho, umas das grandes reflexões foi sobre a liderança atual. Ela exerce influência sobre nós e acabamos agindo com base nela. São motivações criadas pela nossa liderança ao longo de nossa jornada, não importa se essa liderança são nossos pais, professores ou superiores.
Escala de medo
O medo pode travar a gente na execução de qualquer coisa.
Como financeiro, costumo colocar o medo em escala. Em uma escala de 1-10, de 1 a 3 é um medo inconsequente, como o medo que temos quando somos adolescentes. Este é o medo que nos faz imprudente.
No outro extremo, de 8 a 10 é um medo que nos trava e não nos deixar fazer nada. Medo da ação e do fracasso. Este medonhos faz covardes.
E o medo 4 a 7 é um medo da coragem. É o medo existente, mas que nos faz planejar, raciocinar, ter cautela e entender como podemos enfrentar os desafios dos possíveis cenários. Neste nível de medo, temos a consciência de futuras consequências do caminho que estamos traçando hoje e nos planejarmos para isso.
O planejamento serve para nos ajudar a lidar com as possibilidades que iremos encontrar e irá nos ajudar a saber lidar com incertezas. O ser humano é o único que tem capacidade de planejamento e planejar nos leva a expandir o futuro.
E vocês estão executando todos os planos que vocês têm? Qual sua escala de medo? O que falta para executar seus planos?
No final, se entregar o seu melhor, com um objetivo bem definido e resiliência, alcançar o objetivo será inevitável.